quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Como poderia supor...

Como poderia supor isso. Como poderia supor que não passo de ultrajante decálogo que estorva a continuação da existência. De todos os medos, frustrações e besteiras que fiz na vida, tudo se resume á estes dez tropeços que determinaram o meu futuro. Acreditar, acreditar e acreditar. Que lei é essa que controla tudo que existe. Até para não acreditar temos que ter uma disposição que nos exalta e eleva para sairmos do nosso prumo. Esquecido e preso entre argumentos profanos que não traduzem nada de sua vida. Penso e logo existo como um verme caminhando pela superfície de um planeta do tamanho de uma maçã que aos pouco vai se deteriorando. Como pode isso. Estou com medo sim. Mas o pior sempre vem. E se vem. Ele sempre marcou presença desde cedo e nem por causa disso elegi a discórdia para governar a minha vida, minhas ações, meus desígnios. Não sou o esplendido homem de marcas deixadas na história como também não me vi na obrigação de sê-lo. O relaxamento hoje parece impossível e olhar pra trás só me traz mais dor e desespero. Às vezes estou calmo e sereno. Às vezes estou chato e sofrendo. O canto das aves se alterna com o som das máquinas que costumam surrar metais para transforma-los em outra coisa. Musica metal, sons e ferro. Ser um homem e ser de ferro. Como poderia supor que ser leve pra mim era impossível. Como supor que descansar pra mim não poderia ser uma opção. Como supor que a cobrança sempre foi maior que os benefícios. O esforço estendido só me faz cansar as pernas e os braços que não sei mais pra que servem. Escalas e dissonâncias não abraçam mais as razões de meus sonhos. Estou triste pelo percorrido. Estou triste pelo ocorrido. A morte agora começa a cobrar a sua conta e eu não tenho a verdadeira estrutura para pagar. Não tenho renda. Não tenho nada. Mas ela cobra mesmo assim. Como uma aranha decrepita que lança suas teias pegajosas sore nós, como insetos que não valem uma esmagada.

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