Caindo. Caindo como um anjo
renegado. Um anjo expulso do seu mundo, da sua família, do seu Clã. Implorando
para uma aterrissagem macia. Mas não. A queda é dura e fria. A pancada é imensa
e dói muito. O corpo agora sem tanta resistência parece que foi atropelado por
uma manada de hipopótamos bêbados. Cada osso torcido e retorcido. Cada molécula
fora mexida e surrada. Mas ainda estou vivo. O sangue quer coagular, mas eu não
deixo misturando ele com vinho vagabundo comprado em qualquer boteco de bairro.
As asas já não tenho mais. Eu não posso
mais voltar de onde sai. Contra a minha vontade diga-se a verdade. Não importa.
Agora a dor vai passar e vou ter que aprender a viver com vocês. Minha mente
ainda não acostumou com as coisas, com esta nova situação. Esta fora de mim
conseguir guiar os pensamentos. Os instintos não deixam me concentrar no que
está errado e assim não consigo distinguir o que é o errado. O errado erradia
luz por todos os lados. Chega a ser mais forte que qualquer coisa que conheço. Chega
a massacrar a moral cultivada por anos em nossas vidas e que agora não faz mais
sentido. Hoje nem sei se algum dia fez sentido. A verdade se esconde dentro de
uma gruta escura e fria. Não vai sair agora não. É para esperarmos em silencio.
Trabalharmos sem esperar nada. Andar como uma armadura vazia e fazer o que nos
disseram pra fazer.
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